Saber como implementar o PCA (Programa de Conservação Auditiva) é essencial para proteger a saúde auditiva dos colaboradores. Seu principal objetivo é adotar medidas técnicas e administrativas que preservem a capacidade auditiva dos trabalhadores, especialmente daqueles expostos a ruídos, vibrações e agentes químicos ototóxicos.
Ao contrário do que muitos imaginam, o PCA não se limita apenas ao controle do ruído. Ele também leva em consideração outros riscos ocupacionais, como vibração acima dos limites de tolerância e a exposição a agentes ototóxicos, que podem causar danos severos à audição.
Se você quer entender, de forma prática, como estruturar um PCA eficaz na sua empresa, continue lendo. A seguir, você confere um passo a passo completo, alinhado às principais normas e diretrizes técnicas.
O Que São Agentes Ototóxicos?
Os agentes ototóxicos são substâncias químicas que, quando absorvidas pelo organismo, podem provocar lesões nas estruturas do ouvido interno, levando à perda auditiva, tontura e zumbidos.
Eles podem atuar de forma isolada ou potencializar os efeitos do ruído, tornando os riscos ainda maiores. Entre os principais agentes ototóxicos estão:
- Solventes orgânicos: tolueno, xileno, estireno, n-hexano, entre outros.
- Metais pesados: chumbo, mercúrio e arsênio.
- Pesticidas e agrotóxicos.
- Gases asfixiantes: monóxido de carbono, por exemplo.
Por isso, o PCA deve sempre considerar não só o ruído, mas também a presença desses agentes no ambiente de trabalho.
Passo a Passo Para Implementar o PCA na Sua Empresa
1. Defina as Responsabilidades
O primeiro passo é estabelecer claramente os responsáveis pela elaboração, implementação e gestão do PCA. Isso garante que cada etapa seja conduzida corretamente. Os principais envolvidos são:
- Administrador do PCA: profissional responsável pela gestão do programa. Pode ser um Fonoaudiólogo, Engenheiro de Segurança, Médico do Trabalho, Higienista Ocupacional, Enfermeiro do Trabalho ou Técnico de Segurança, devidamente designado pela empresa.
- Supervisores e Gerentes: acompanham as práticas no dia a dia.
- Trabalhadores: participam ativamente, utilizando os EPIs e seguindo as orientações.
- Setores de apoio: segurança, saúde ocupacional, RH e fornecedores terceirizados.
O administrador do PCA deve ter total domínio das normas, entender os riscos e estar apto a tomar decisões sobre contratação de serviços especializados e escolha de EPIs.
2. Realize Avaliações Quantitativas de Ruído
Nenhum PCA existe sem uma avaliação precisa dos riscos. Por isso, é fundamental realizar uma avaliação quantitativa de ruído, que deve:
- Representar fielmente a exposição dos trabalhadores.
- Considerar aspectos ambientais e organizacionais.
- Seguir rigorosamente os procedimentos da NHO-01 da Fundacentro.
Essa avaliação permite determinar:
- Dose de exposição diária ao ruído.
- Nível de exposição sonora em dB(A).
Além disso, os resultados são essenciais para definir as medidas de controle e orientar a escolha dos protetores auditivos.
3. Avaliação Quantitativa de Vibração
Assim como o ruído, a vibração ocupacional pode causar danos significativos à saúde auditiva e ao sistema musculoesquelético. A avaliação da vibração deve ser realizada quando há atividades com:
- Equipamentos portáteis vibratórios (esmerilhadeiras, marteletes, lixadeiras, etc.).
- Máquinas de grande porte, como tratores, caminhões e empilhadeiras.
Essa análise segue as diretrizes da NHO 09 e NHO 10 da Fundacentro, que avalia:
- Vibração de corpo inteiro.
- Vibração de mãos e braços.
Com os dados obtidos, é possível identificar se a exposição ultrapassa os limites de tolerância e, assim, implementar medidas corretivas, como manutenção de equipamentos, revezamento de atividades ou inclusão de dispositivos antivibração.
O Guia da Fundacentro orienta tratar no PCA grupos de trabalhadores com exposição a vibração ocupacional acima dos limites de tolerância.
4. Selecione Corretamente os Protetores Auditivos
A escolha dos protetores auditivos não pode ser feita de forma aleatória. É um processo técnico, que leva em conta:
- Normas aplicáveis: NR 6, NR 9 e NR 15.
- Condições do ambiente: ruído, temperatura, sujidade, necessidade de comunicação, compatibilidade com outros EPIs.
- Características dos usuários: formato anatômico da orelha, conforto, hábitos e preferências.
- Especificações técnicas do protetor: formato, material, durabilidade, conforto e principalmente o NRRsf (nível de redução de ruído).
Cálculo do NRRsf Requerido:
Fórmula:
NRRsf Requerido = NE – LE
- NE = Nível de Exposição [dB(A)]
- LE = Limite de Exposição [dB(A)] segundo a NR 15
O NRRsf do protetor deve ser igual ou superior ao NRRsf requerido, considerando as metodologias da ANSI S12.6 – Método B.
Cálculo do Nível de Exposição com Proteção (NEp):
Fórmula:
NEp = NE – NRRsf do Protetor
O resultado deve ser:
- Abaixo do LE (limite de exposição).
- Preferencialmente acima de 70 dB(A), evitando a superatenuação, que poderia prejudicar a percepção de sons de alerta e sinais de segurança.
5. Implemente e Gerencie o PCA Continuamente
Implantar o PCA é apenas o começo. A gestão precisa ser contínua e eficiente, contemplando:
- Monitoramento constante das condições ambientais.
- Reavaliações periódicas dos riscos.
- Exames audiométricos regulares, conforme o calendário estabelecido no PCMSO.
- Análise dos resultados audiométricos, identificando tendências, perdas auditivas ou necessidades de intervenção.
- Treinamentos periódicos, reforçando o uso correto dos EPIs e a importância da conservação auditiva.
- Registros e documentações atualizadas, garantindo rastreabilidade de todas as ações.
Documentação Essencial no PCA
Manter a documentação organizada é crucial tanto para a gestão quanto para atender às exigências legais. Os principais documentos são:
- Relatórios das avaliações quantitativas de ruído e vibração;
• Fichas de escolha e entrega dos protetores auditivos;
• Laudos dos exames audiométricos;
• Plano de ações preventivas e corretivas;
• Registros dos treinamentos e reciclagens realizadas;
• Relatório com diagnósticos audiológicos, nosológicos e evolutivos dos trabalhadores.
Conclusão
O Programa de Conservação Auditiva vai muito além da entrega de protetores. Ele é uma estratégia robusta, que combina gestão de riscos, controle ambiental, monitoramento da saúde dos trabalhadores e treinamento contínuo.
Empresas que implementam um PCA eficaz não apenas cumprem com a legislação, mas também protegem seus colaboradores, reduzem afastamentos e aumentam a produtividade.
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- Controla a entrega de EPIs e treinamentos;
- Mantém toda a documentação organizada, acessível e segura;
- Recebe alertas de vencimento de exames e documentos.
- Emissão do Relatório de diagnósticos audiológicos, nosológicos e evolutivos dos trabalhadores;
- Controle de Periodicidade de Troca de Protetores Auditivos.
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