Quem já passou por um açougue ou manipulou carne crua provavelmente já ouviu — ou até disse:
“Olha o sangue escorrendo da carne…”
Mas aqui está o ponto central: aquilo não é sangue. E entender essa diferença muda completamente a análise quando o assunto é NR-15 e insalubridade em açougues.
Neste artigo, vamos explicar, com base em literatura técnica e na NR-15, Anexo 14, por que o líquido avermelhado da carne não caracteriza insalubridade. Além disso, você vai entender como esse conhecimento impacta diretamente a elaboração correta de laudos de insalubridade em Saúde e Segurança do Trabalho (SST).
O erro comum em laudos de açougues
Ainda é comum encontrar laudos de SST em açougues que confundem essa interpretação e declaram insalubridade sem base legal.
Esse é um erro técnico grave, pois:
- O líquido da carne é mioglobina, não sangue.
- Mesmo que fosse sangue, só caracterizaria insalubridade se o animal tivesse doença infectocontagiosa.
- Toda carne comercializada passa por inspeção sanitária rigorosa antes de ser liberada para consumo.
Logo, conceder insalubridade nessas situações demonstra desconhecimento da NR-15 e pode gerar custos desnecessários às empresas.
O que é, de fato, o líquido vermelho da carne?
Apesar da aparência, o líquido avermelhado que escorre da carne não é sangue. Ele consiste em uma mistura de água e mioglobina, uma proteína natural presente nas fibras musculares.
A mioglobina desempenha funções fundamentais:
- Armazenar oxigênio no tecido muscular.
- Dar coloração avermelhada à carne crua.
- Auxiliar no metabolismo energético do músculo.
Portanto, quando observamos a carne exposta em açougues ou supermercados, o que escorre não é sangue vivo. Não existem hemácias, plaquetas ou plasma nesse líquido.
📖 Referência técnica: Guyton & Hall – Tratado de Fisiologia Médica
Sangue verdadeiro e o processo de abate
O sangue real possui uma composição específica:
- Glóbulos vermelhos e brancos.
- Plaquetas.
- Plasma.
No entanto, durante o processo de abate, as normas sanitárias brasileiras e internacionais determinam a drenagem total do sangue do animal. Assim, o que chega ao consumidor é carne inspecionada, própria para consumo humano e sem risco biológico relevante.
Ou seja, mesmo que pareça sangue, aquilo que vemos não passa de mioglobina com água.
📖 Mais informações: MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária
O que a NR-15, Anexo 14, realmente diz?
A insalubridade se aplica a contato permanente com: carnes, sangue, vísceras e outros componentes citados na NR 15 de animais portadores de doenças infectocontagiosas.
👉 Aqui está a chave da interpretação:
A norma fala de animais doentes, e não de carne inspecionada e liberada para consumo.
Portanto, manipular carne crua em açougues, frigoríficos ou supermercados não caracteriza insalubridade segundo a NR-15.
📖 Fonte oficial: NR-15 – Ministério do Trabalho e Emprego
Como aplicar esse conhecimento na prática
Compreender essa diferença não é apenas um detalhe técnico. Na realidade, trata-se de uma ferramenta poderosa para profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho (SST).
Na prática, esse conhecimento pode ser usado para:
- Elaborar laudos técnicos fundamentados.
- Evitar concessões de adicionais de insalubridade indevidos.
- Definir corretamente se há ou não insalubridade no contato com carne crua.
- Reforçar a credibilidade técnica da sua empresa ou consultoria.
Além disso, aplicar corretamente a NR-15 evita gastos extras com adicionais sem previsão legal e fortalece a confiança em sua gestão de SST.
Conclusão: norma, ciência e verdade técnica
- O líquido da carne não é sangue.
- A NR-15 só reconhece a insalubridade em casos de contato com sangue, vísceras ou dejetos de animais doentes.
- Laudos de SST devem se apoiar em método, norma e ciência.
Um profissional atualizado evita erros caros, garante segurança jurídica e se destaca no mercado.
📖 Leia também: Insalubridade e Periculosidade – Diferenças segundo a legislação
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